terça-feira, 25 de março de 2014

Propostas para 2014

                

Em 2012 e 2013, com o apoio de diversos intelectuais e amigos, desenvolvemos o curso “Leituras do século XXI”, que consistiu na seleção de obras que seriam discutidas uma vez por mês, após palestra de professores de literatura altamente capacitados. 
Nesses dois anos, a proposta inicial fui cumprida: leram-se livros de diferentes procedências, partindo do pressuposto de que uma das principais características do século em que vivemos é, precisamente, a expansão do universo cultural. Até então, quase tudo o que líamos era mediado pelo eixo eurocêntrico. Desse modo, autores e livros de outras culturas eram selecionados e traduzidos quase sempre para o francês e o inglês e, depois, exportados para outros países do mundo. Enfim, a Europa e depois os Estados Unidos ditavam o que o mundo ocidental deveria ler. Esse quadro transforma-se aos poucos a partir do final dos anos XX.
Conforme foi visto no decorrer das palestras, o século XXI está alterando os rumos e o próprio conceito das artes. Noções recentes, de diversos teóricos, sociólogos e filósofos - como modernidade líquida, de Zygmund Bauman, e Contemporâneo, de Giorgio Agamben, além das avaliações histórico-sociológicas de Eric Hobsbawn - serviram de pressupostos para auxiliar no entendimento dessas mudanças.
Agora, em 2014, atendendo a pedidos, organizamos um curso voltado especificamente para a literatura brasileira no século XXI. Contando com a colaboração do Professor Doutor Ricardo Barberena, organizei um novo programa. Antes disso, porém, no mês de março, encerramos a primeira etapa do curso, convidando um tradutor para abordar uma obra traduzida diretamente do texto original, norueguês. Com a palestra de Guilherme Braga, sobre Gaute Heivoll, autor do romance Antes que eu queime, tornou-se claro para todos que a importação cultural é muito mais do que uma transposição de discursos.
É preciso acrescentar que as reflexões e os estudos que embasaram o curso “Leituras do século XXI”, do qual faz parte a proposta de 2014, foram fundamentais para a organização do livro Por que ler os contemporâneos? autores que escrevem o século XXI. Esse livro, espécie de dicionário de autores, foi organizado por mim e pelos escritores Daniela Langer, Rafael Bán Jacobsen e Rodrigo Rosp. “Uma hacatombe na cena provinciana” – segundo o escritor Rafael Jacobsen – o livro consiste num roteiro que apresenta cem autores através de verbetes, onde suas obras são destacadas e seguidas por uma pequena resenha. Para isso, contamos com o trabalho de cem intelectuais diferenciados, que se dispuseram a colaborar nessa elaboração.
Nada impede que em 2015 retornemos à proposta inicial. Mas, neste momento, optamos por olhar para dentro, observar o que vem sendo produzido no país a partir da primeira década do século. Dez anos é muito pouco para fixar tendências, mas nossas suposições vão sendo confirmadas. E, como os interessados poderão conferir, prolifera a diversidade de temáticas e de formas.

Com isso, pretendemos contribuir para divulgar alguns dos melhores momentos da literatura contemporânea, promovendo trocas entre escritores e leitores e apreendendo novas formas de imersão no literário.

Profa. Dra. Léa Masina

2 comentários:

  1. Olá, professora Léa,
    gostaria muito de saber se existe alguma possibilidade de participar, de alguma forma, desse curso tão importante e interessante. Lamentavelmente, não poderei deslocar-me de Fortaleza para Porto Alegre. Existe alguma maneira de ter acesso via Internet?
    Ficarei agradecida com a sua resposta.

    Um abraço

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  2. Boa noite e mil desculpas, somente hoje, e por acaso, li sua colocação. Infelizmente, morando em Fortaleza, fica difícil, Mas pretendemos publicar em livros as palestras do curso, já estamos tomando providências. E você poderá ler o conteúdo, perdera as discussões. Você não quer mudar-se para Porto Alegre? Pena que aqui é frio, não tem mar, nem carangueijo, e as praias daí são todas fantásticas! E tb. não tem tapioca, quando se encontra, é ruim. Nem tudo é perfeito!! Abraços, Léa

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