Contribuição de LÉA MASINA para os debates sobre as literaturas do século
XXI: In: SELDEN, R. et all. La
teoria literaria contemporânea.
Para alguns, o pós-modernismo indica
uma mercantilização deplorável de toda a cultura e a perda da tradição e dos
valores, encarnados no séc. XX de forma decisiva pelas obras modernistas; para
outros, ele comporta uma liberação da ortodoxia conservadora da alta cultura e
uma dispersão muito bem acolhida da criatividade em todas as artes e nos ovos
meios de comunicação, abertos agora a novos grupos sociais.
Há autores que sugerem listas de
notas pós-modernistas relacionadas (e opostas) ao modernismo, dentre as quais a difusão do
ego; participação do leitor – espectador; o fato de a arte converter-se em algo
comunitário, opcional, anárquico. Ao mesmo tempo, a ironia se transforma em
radical, um jogo que se esgota em si mesmo, a entropia do significado. Em oposição à experimentação modernista, os
pós-modernistas produzem “estruturas abertas, descontínuas, improvisadas, indeterminadas,
aleatórias". Também recusam a estética
tradicional de beleza e de unidade. Fazendo coro ao que diz Susan
Sontag, Hassan, por exemplo, concorda que os pós-modernistas estão “contra a
interpretação”.
A experiência pós-moderna está
amplamente sustentada para interromper o profundo sentido de incerteza
ontológica moderna. A comoção humana até o inimaginável (poluição, holocausto,
a morte do indivíduo) desemboca em pontos de referência fixos. Nem o mundo nem
mesmo um indivíduo possui ainda unidade, coerência,
significado. Estão radicalmente “descentrados”.
Eu terminei o livro faz uns dois dias. Ainda estou deglutindo. Certamente necessita uma segunda leitura. Por um lado, entendo esse ritmo moderno: não linear, com informações pululando, tudo se desfazendo. Por outro, penso que, no meio de tudo isso, acabamos dando um sentido mais completo às nossas ações do que as velocidades partidas que nos chegam fazem supor. Quero dizer, reproduzir a aparência de um ambiente não significa reproduzir a maneira como pessoalmente o vivenciamos internamente. E como lidar com isso em literatura considerando que as descrições são carregadas de índices que ligam contexto interno e externo num jogo de significados que se complementam?
ResponderExcluirQuerido Caleb
ExcluirO que sentiste está sendo partilhado por nós todos. E isso é fantástico! Sugiro ler 3 vezes o livro, como se fosse uma partitura de música: a mão direita seria o texto dito convencional (lido em primeiro lugar); a esquerda, os textos próximos ao rodapé. Depois, ler de novo, deixando que se combinem e criem novas harmonias, novas tonalidades... Sem dúvida alguma, essa leitura exige muito do leitor. Eu estou achando uma experiência extraordinária e gratificante. Parabéns por teu comentário!
Lea