Dia 6 de outubro, receberemos o Prof. Dr. Biagio D´Ângelo que nos falará a respeito de Os verbos auxiliares do coração, de Peter Esterházy.
Para saber um pouco mais sobre a obra, que tal ler a resenha de Tiago Pinheiro para o site Meia Palavra?
Peter Esterházy foi um dos nomes mais propagados pela divulgação da FLIP deste ano. Tenho a impressão de que também foi um dos mais entrevistados e talvez o que tenha concedido as declarações mais interessantes (ao lado de valter hugo mãe). Sim, a literatura húngara entrou no circuito brasileiro, diziam alguns slogans. Mesmo? Não, não: um escritor não faz uma literatura… E a escolha da publicação deOs Verbos Auxiliares do Coração torna essa ignorância ainda mais espetacular e até cômica, já que o livro faz citações sistemáticas a um grande número de autores pertencentes à língua húngara, nomes que nem de longe passam por nosso repertório: Péter Hajnóczy, Gyula Illyés, Lászo Komár, Ivan Mándy, Géza Ottlik, Sándor Weöres, etc. Mas isso não é exatamente um impedimento; é sim um convite. Um convite para conhecermos a língua materna de outro. Não à toa o subtítulo do livro é “Introdução à Literatura”. Infelizmente, esse convite é para um funeral: justamente daquela que ofereceu essa língua ao escritor em questão.
Caros amigos
ResponderExcluirFiquei muito impressionada com essa questão de não existirem "verbos auxiliares" em húngaro. E fui atrás. Falei com o Prof. Guilherme Braga (que traduz do búlgaro e de outras línguas para o português) e ele me enviou a mensagem a seguir (que estou publicando mesmo sem sua autorização, eis que o motivo é nobre);
Léa,
Esse verbo fog se usa em construções como a seguinte:
"Sétálni fogok" [lit., "caminhar vou", ou "vou caminhar"]
Como tu mencionou que o Schiller tinha dito que não existiam verbos auxiliares, fui atrás: a questão é que parece que a descrição desses verbos não é consenso entre os especialistas. Dá uma olhada aqui:
"Uzonyi Kiss, Judit–Tuba, Márta: How many auxiliaries are there in Hungarian? In traditional Hungarian descriptions, only the copula van ‘be’ was considered to be an auxiliary. Later the verb fog ‘will’ in the structure fog + infinitive, the verb marad ‘remain’ with the set complement valamilyen állapotban ‘in some state’, and the verb múlik ‘pass’ were also claimed to be auxiliaries.
In the recent literature some authors have described an increasing number of lexical items as auxiliaries. György C. Kálmán et al. tell verbs and auxiliaries apart mainly on the basis of two criteria: word order and stress patterns. The argumentation of Klára Lengyel involves the criteria of defective paradigms, the formation of participles, and the replacement of the infinitive by a nominal complement. In the view of Katalin É. Kiss, all the items in question are verbs governing set complements.
Through the examination of various sentence patterns, the paper aims to prove that verbs considered to be auxiliaries behave in the same way as main verbs do with respect to stress and word order. The paper arrives at the conclusion that one group of the verbs concerned govern an infinitival complement which is either a direct object or a goal adverbial, and another group – the members of which, in every case, can be replaced by a nominal predicate – govern an infinitival subject complement."
Isso acontece também com a classificação dos casos em húngaro. Em línguas como o inglês, a nomenclatura gramatical usada para descrever certas declinações húngaras trata-as como "casos", embora em húngaro a nomenclatura não seja essa. De repente com os verbos auxiliares o problema pode ser parecido.
Quanto ao convite, fico muito lisonjeado e agradecido. Já vou pensando sobre quem gostaria de falar.
Um abração,
Guilherme Braga.