Em
2012 e 2013, com o apoio de diversos intelectuais e amigos, desenvolvemos o
curso “Leituras do século XXI”, que consistiu na seleção de obras que seriam
discutidas uma vez por mês, após palestra de professores de literatura altamente
capacitados.
Nesses
dois anos, a proposta inicial fui cumprida: leram-se livros de diferentes
procedências, partindo do pressuposto de que uma das principais características
do século em que vivemos é, precisamente, a expansão do universo cultural. Até
então, quase tudo o que líamos era mediado pelo eixo eurocêntrico. Desse modo,
autores e livros de outras culturas eram selecionados e traduzidos quase sempre
para o francês e o inglês e, depois, exportados para outros países do mundo.
Enfim, a Europa e depois os Estados Unidos ditavam o que o mundo ocidental
deveria ler. Esse quadro transforma-se aos poucos a partir do final dos anos
XX.
Conforme
foi visto no decorrer das palestras, o século XXI está alterando os rumos e o
próprio conceito das artes. Noções recentes, de diversos teóricos, sociólogos e
filósofos - como modernidade líquida,
de Zygmund Bauman, e Contemporâneo,
de Giorgio Agamben, além das avaliações histórico-sociológicas de Eric Hobsbawn
- serviram de pressupostos para auxiliar no entendimento dessas mudanças.
Agora,
em 2014, atendendo a pedidos, organizamos um curso voltado especificamente para
a literatura brasileira no século XXI. Contando com a colaboração do Professor
Doutor Ricardo Barberena, organizei um novo programa. Antes disso, porém, no
mês de março, encerramos a primeira etapa do curso, convidando um tradutor para
abordar uma obra traduzida diretamente do texto original, norueguês. Com a
palestra de Guilherme Braga, sobre Gaute Heivoll, autor do romance Antes que eu queime, tornou-se claro
para todos que a importação cultural é muito mais do que uma transposição de
discursos.
É
preciso acrescentar que as reflexões e os estudos que embasaram o curso
“Leituras do século XXI”, do qual faz parte a proposta de 2014, foram
fundamentais para a organização do livro Por
que ler os contemporâneos? autores que escrevem o século XXI. Esse livro,
espécie de dicionário de autores, foi organizado
por mim e pelos escritores Daniela Langer, Rafael Bán Jacobsen e Rodrigo Rosp. “Uma
hacatombe na cena provinciana” – segundo o escritor Rafael Jacobsen – o livro consiste
num roteiro que apresenta cem autores através de verbetes, onde suas obras são
destacadas e seguidas por uma pequena resenha. Para isso, contamos com o
trabalho de cem intelectuais diferenciados, que se dispuseram a colaborar nessa
elaboração.
Nada
impede que em 2015 retornemos à proposta inicial. Mas, neste momento, optamos
por olhar para dentro, observar o que vem sendo produzido no país a partir da
primeira década do século. Dez anos é muito pouco para fixar tendências, mas
nossas suposições vão sendo confirmadas. E, como os interessados poderão
conferir, prolifera a diversidade de temáticas e de formas.
Com
isso, pretendemos contribuir para divulgar alguns dos melhores momentos da
literatura contemporânea, promovendo trocas entre escritores e leitores e
apreendendo novas formas de imersão no literário.
Profa. Dra. Léa Masina
Olá, professora Léa,
ResponderExcluirgostaria muito de saber se existe alguma possibilidade de participar, de alguma forma, desse curso tão importante e interessante. Lamentavelmente, não poderei deslocar-me de Fortaleza para Porto Alegre. Existe alguma maneira de ter acesso via Internet?
Ficarei agradecida com a sua resposta.
Um abraço
Boa noite e mil desculpas, somente hoje, e por acaso, li sua colocação. Infelizmente, morando em Fortaleza, fica difícil, Mas pretendemos publicar em livros as palestras do curso, já estamos tomando providências. E você poderá ler o conteúdo, perdera as discussões. Você não quer mudar-se para Porto Alegre? Pena que aqui é frio, não tem mar, nem carangueijo, e as praias daí são todas fantásticas! E tb. não tem tapioca, quando se encontra, é ruim. Nem tudo é perfeito!! Abraços, Léa
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